Um dos motivos pelos quais estudo Psicologia é ser completamente fascinada pela complexidade da condição humana. Tal condição envolve uma série de aspectos, sendo um deles o fato de que cada um de nós é singular e parecido ao mesmo tempo.
Vamos de exemplos? Quando refiro-me ao “medo”, sei que todos sabem do que se trata, mas também que cada um o reconhece dentro de si de uma forma absolutamente única.
O meu medo há de ser um monstro muito feio. Quando criança, eram esses que me tiravam o sono, e me faziam ter certeza de que o único lugar seguro do mundo era a cama de minha mãe. Confesso que ainda hoje sinto falta desse lugar que, apesar de ainda existir, foi reconfigurado pela vida adulta.
Também tenho medo de morrer. Me alarma a possibilidade de interrupção da vida, bem como das muitas mortes simbólicas das quais não conseguimos escapar no cotidiano. O fim de um emprego ou de uma amizade, o término da infância que abre caminho para a adolescência, o curso que acabou mas tinha uma professora apaixonante. É difícil manter na consciência que essas mortes podem também acompanhar renovação.
Pode soar estranho, mas tenho medo de um dia não temer. Como seriam minhas escolhas se nunca temesse ser deixada, arrasada, tomada, ou o que quer que seja? Apesar de aterrorizantes, nos nossos medos reside grande sabedoria.
Pela Psicologia aprendi também que há medos tão assustadores, que sabemos que não podemos nem vê-los de relance. Por isso, quando ameaçam cruzar nosso caminho, fazemos o impossível para não vê-los, ainda que não façamos juízo disso.
E aí, por onde você acha que circulam os seus medos?