A carência é um termo comum na linguagem popular muito utilizado para expressar uma demanda de amor inconveniente. Se por um lado a necessidade de conexão e afeto é inerente ao ser humano, por outro quando essa necessidade se torna grande ou barulhenta demais, é preciso considerá-la cuidadosamente. 

A chamada carência pode apontar um aspecto do relacionamento em desequilíbrio, e/ou esconder inseguranças e apegos não elaborados referentes a experiências passadas e infantis.

O que é carência?

Como o próprio adjetivo revela, a carência aponta para falta ou privação, e sua expressão pode ocorrer de maneira criativa ou defensiva. Quando criativa, a pessoa reflete sobre seus afetos e comunica-os de forma assertiva ao companheiro, convidando ao diálogo.  Quando defensiva, pode acionar uma necessidade intensa de aprovação, afeto e atenção do outro. Pode provocar temor da solidão e busca constante de validação externa.

A carência em sua expressão negativa pode gerar sofrimento e afetar a qualidade da relação conjugal. Neste post vamos explorar as causas da carência, seus impactos e como lidar com essa emoção.

Quais as causas da carência?

As causas podem ser reflexo de questões concretas e/ou subjetivas. Algumas reflexões podem auxiliar a compreender:

• Desequilíbrio na relação: quando a expressão afetiva está em desequilíbrio, é natural que um dos cônjuges sinta-se em débito
• Atentar-se a fatos da infância: Experiências como a falta de atenção dos pais, situações de negligência ou a vivência de perdas significativas podem gerar inseguranças que se manifestam na vida adulta.
• Baixa autoestima: Pessoas com baixa autoestima podem se sentir menos merecedoras de amor e afeto, buscando constantemente a aprovação dos outros.
• Medo da rejeição: O medo de ser abandonado ou rejeitado pode levar a comportamentos obsessivos.
• Padrões de relacionamento aprendidos: A forma como vivenciamos os relacionamentos na infância e adolescência influencia a maneira como nos relacionamos na vida adulta.

Quais os possíveis impactos da carência mal elaborada nos relacionamentos?

• Cobiça: A pessoa pode se tornar possessiva e invejosa quanto às conquistas do parceiro
• Insegurança: A insegurança constante pode gerar ciúmes excessivos, desconfiança e ansiedade
• Dificuldade em lidar com a solidão: A pessoa carente pode ter dificuldade em ficar sozinha e buscar constantemente a companhia de outras pessoas.
• Necessidade de aprovação: A busca constante por aprovação pode sufocar o parceiro e aumentar os níveis de ansiedade na relação
• Responsabilização equivocada: Quando não cuido de minhas próprias feridas, posso responsabilizar o parceiro por elas sem nem mesmo perceber
• Tristeza: Quando sinto que recebo muito menos do que dou ou do que mereço, me sinto frustrado e carente

Como lidar com a carência?

• Autoconhecimento e desenvolvimento da autoestima: Entenda as raízes da sua carência e desenvolva um trabalho psicológico para acomodá-la ou modificá-la.
• Aprendendo a ficar sozinho: Compreenda como é ficar em sua própria companhia. Entender seus afetos, medos e inseguranças pode apontar caminhos a serem trabalhados em seu desenvolvimento pessoal.
• Comunicar seus sentimentos: Expressar suas necessidades ao parceiro de forma clara e assertiva pode aproximar o casal, e orientar o cônjuge sobre como contribuir.
• Adotar uma postura reflexiva: Refletir sobre o que está em falta pode favorecer que você discrimine o que é importante para você 
• Buscar ajuda profissional: Um terapeuta pode ajudar a desenvolver ferramentas para aprofundar o que chamamos de carência, e então trabalhar esses afetos na construção de relacionamentos mais saudáveis.

Lembre-se: Existem diferentes formas de sentir e expressar carência. Ao buscar ajuda e se dedicar ao seu autoconhecimento, você poderá lidar melhor com ela e construir relacionamentos mais significativos

Larissa Castro Alves é Comunicóloga e Psicóloga Clínica (registro CRP 06/173802), formada em Terapia de Casal (Instituto J. L. Moreno) com aprimoramento em Atendimento a Adultos na Perspectiva Analítica (PUC/SP). Atualmente cursa Especialização em Psicoterapia Analítica e Abordagem Corporal (Instituto Sedes Sapientiae) e atua em São Paulo. Com experiência em acompanhar pessoas em sofrimento e angústia e casais que almejam minimizar suas dificuldades de comunicação e fortalecer seus relacionamentos, Larissa oferece um ambiente acolhedor e seguro para aprofundamento de sentimentos, pensamentos e comportamentos com liberdade e honestidade