Lembro-me que num dos meus primeiros atendimentos como estagiária de psicologia, meu cliente só falava da namorada. Foram algumas sessões usadas integralmente com o que parecia ser uma obsessão, para que eu entendesse que, ao falar da moça, ele na verdade falava de si mesmo.
Freud já apontava essa questão, de modo que ela se desenrola também em nossas relações cotidianas. Quando falamos de outra pessoa, evidenciamos sempre mais de nós mesmos do que do alvo de nossos relatos.
Isso porque, em alguma medida, nos mostramos afetados – positiva ou negativamente – e oferecemos pistas para nosso ouvinte a respeito do caminho pelo qual nossos pensamentos ameaçam seguir. Em outras palavras, nos expomos mais ao ouvinte do que exporemos a pessoa de quem falamos, independentemente do que sobre ela for revelado.