Sensibilidade: um direito de todos

“…fato é que um dia pescaram uma cioba de uns doze quilos, uma cioba com o rabão vermelho e o corpo dourado, um peixe que parecia pintado por Deus, e ele não aguentou ver aquela coisa bonita se batendo, rebentando a cauda contra o casco. Pegou a cioba no colo como um bebê e ficou ninando a criatura, que nem a mãe dele fazia com o irmão mais novo, cantando e sussurrando: calma, calma… Até o peixe rabanar cada vez menos e morrer nos seus braços. Ou quase morrer, porque um pouco antes do bicho estrebuchar de vez, o Lauro levou uma bofetada na cara, dada pelo pai com tanta força que quebrou o nariz dele, encheu de sangue a regata e a cioba.”

 

(trecho de “Suíte Tóquio”, livro de Giovana Madalosso).

A autora retrata lindamente um acontecimento violento na vida do personagem Lauro. Apesar de tratar-se de uma ficção, é uma cena facilmente imaginável. Quantos de nós não acompanhamos de perto alguém do sexo masculino sendo punido de forma violenta, por demonstrar sensibilidade?

As consequências desse tipo de atitude são tremendas. Violência física, humores pesados, falta de diálogo, homens infelizes e desconectados da família.

Pra Jung, a integração da vida afetiva é requisito para o desenvolvimento psíquico rumo a vida com mais verdade.

Se conectar com os próprios afetos é o primeiro passo para dar liberdade a quem se ama poder conectar-se também.