Dezembro é época de se permitir. De deixar a dieta pra lá e descobrir que panetone agora não é de fruta ou chocolate, mas trufado de gordura saturada.
Dezembro é época de balanço final. De confirmar tudo aquilo que não foi feito, e que provavelmente demandaria um milagre de Cristo pra ser realizado. De querer mudar, mas só ano que vem.
Dezembro é a sexta do ano. Maratona de confraternização. De gastar mais do que pode. De se jogar nos aperitivos, sobremesas e amigos secretos. As redes tecidas nos sorteios de amigo secreto carregam verdadeiras mensagens kármicas!
Natal é tempo de agradecer. Mas também de dar falta do que não veio. De dar corpo à sombra e reclamar aquilo que tiraram de nós, que nos afastou forçadamente do que merecíamos. De sentir muita falta daquele que já partiu, e se perguntar se festejar sem ele tem qualquer sentido.
Nas religiões aprendemos: perdoar, amar, acolher. Pois então dezembro é também época de querer perdoar e não conseguir. De buscar o amor, pra então dá-lo como perdido. De reconhecer que ainda não dá pra acomodar a dor que ainda lateja.
Dezembro é encerramento de ano, mas nem sempre a gente tá pronto pra encerrar. As vezes quer estender. Ignorar. Acelerar. Não há forma modelo de atravessar esses dias, por mais que nos forcem a acreditar o contrário.
Fim de ano é época do que a gente der conta. Do que na nossa vida couber.
Vamos juntos, com menos cobrança, e mais vida real.