“Por vezes assistimos a um retorno ao estado o bebê em crianças mais velhas e, nesse caso, percebemos que alguma dificuldade impediu a marcha do progresso…a criança tem necessidade, então, de regressar ao terreno protegido da infância, a fim de restabelecer os direitos infantis e as leis de desenvolvimento natural.“
(Donald Winnicott – livro “A criança e seu mundo”)
Esse pequeno trecho aborda alguns aspectos do desenvolvimento humano, segundo a perspectiva de Winnicott, autor psicanalista inglês. Crianças por vezes abandonam hábitos conquistados – como por exemplo dormirem sozinhas, pedirem pra usar o banheiro, comerem de determinada maneira -, e passam a agir de acordo com uma etapa anterior de suas vidas.
Penso que esse seja um dos muitos desafios do maternar: compreender e acolher as demandas da criança, quaisquer que sejam. Dessa maneira, conhecer uma teoria que aborde a regressão como forma da criança lidar com as próprias questões pode ser esclarecedor, bem como útil a todos interessados no desenvolvimento infantil. A regressão aponta que algo atravanca, ainda que momentaneamente, a marcha natural de amadurecimento.
A atitude regressiva na criança remete à busca de algo anterior, e cabe aos cuidadores saber dialogar com esse movimento infantil. Nem sempre isso é fácil, mesmo quando estamos bem amparados.
De maneira geral, a atenção cuidadosa em relação a própria saúde emocional; o estabelecimento de bom diálogo entre os cuidadores da criança; e a busca de acompanhamento junto a rede médica de saúde infantil tendem a compor um cenário positivo para amparar as crianças diante dos desafios inerentes ao seu crescimento.
