Sobre o processo de psicoterapia

Como psicóloga e eterna estudiosa da área, com frequência me pego refletindo sobre as vantagens de estar em psicoterapia.

Uma das muitas possibilidades da psicoterapia é que pode funcionar como uma espécie de freio. Num movimento brusco ou apenas na redução de marcha, não importa. Mas é um momento da semana em que você se obriga a literalmente estacionar o corpo, e falar sobre você.

Quando se dispõe a isso, muita coisa pode acontecer. É possível que, ao sentar na poltrona você perceba que está muito cansada, e que não havia reparado como suas costas andam doendo.

É possível que, ao relatar algo da rotina que parecia não ter importância, suas mãos comecem a suar e sua boca fique seca. É possível que ao falar de alguém aparentemente sem importância na sua vida, seus olhos se encham de lágrimas.

Pode acontecer de você notar que, de tão focada no trabalho, não fala com sua mãe há séculos. Ou que de tão apaixonado pelo brincar com seus filhos, esteja esquecendo de cobrá-los de escovar bem os dentes.

Pode ser que você comece a se questionar sobre suas manhãs, lotadas de compromissos que você já nem sabe pra que servem. Sobre os sábados que parecem não ter mais tanto sentido, ou os cabelos brancos que parecem ter se multiplicado em sua cabeça sem aviso prévio.

E também pode ser que você, em determinados dias, não queira falar sobre você, e resolva relatar à terapeuta um livro que leu e detestou. Mas te ajudou a descobrir um novo autor que divulga receitas de sobremesas no instagram.

O fato é que pensar sobre si pode ser benéfico, ainda que cause dor. Há mudanças ocorrendo ininterruptamente dentro de nós, e acompanhá-las e favorecê-las tende a ser um bom caminho para uma vida de maior autenticidade.

 

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