O maternar também na psicoterapia

Winnicott é meu autor favorito na Psicanálise. Por ter desenvolvido sua teoria em diálogo com o atendimento de mães e seus filhos, sua clínica é dotada de uma sensibilidade ímpar.

O autor inglês compreende que os estágios iniciais da vida são fundamentais para que tenhamos a oportunidade de nos sentir existindo. Que o cuidador do bebê precisa, acima de tudo, de sensibilidade para auxiliá-lo a caminhar rumo a uma existência mais independente e pessoal. Que o bebê acessa a realidade da vida por meio de gestos criativos.

Num paralelo com a psicoterapia, podemos pontuar a disponibilidade necessária ao psicoterapeuta para uma escuta verdadeira desde o primeiríssimo contato de seu paciente. Uma sensibilidade maternal para não apressar nem “despessoalizar” as coisas. A humildade pra reconhecer que nada do que o psicoterapeuta disser fará sentido se não for, em grande medida, uma criação própria do paciente.

Mesmo sem ter tido filhos, Winnicott soube perceber a complexidade e riqueza dos cuidados que demandamos ao chegar neste mundo. Fica o convite para olharmos o desenvolvimento dos pequenos acompanhados de seus cuidadores. Tal relação, além de inesgotável em termos criativos, é uma inestimável fonte de aprendizado para todos nós.

 

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